Uma revolução no estudo do sono
32,9% da população tem apneia do sono. Foi essa a conclusão do estudo sobre a prevalência de apneia do sono, do Professor Sergio Tufik, derivado do EPISONO e publicado na revista Sleep Medicine em maio de 2010. A descoberta revolucionou a forma de avaliar e entender os dados sobre este distúrbio de sono. Até aquele momento, a prevalência certificada internacionalmente era que a apneia obstrutiva do sono atingia de 2 a 4% da população.
O EPISONO é um projeto de pesquisa importante, realizado a cada década para verificar a qualidade do sono e a influência dos distúrbios de sono na saúde de uma amostra representativa da população da cidade de São Paulo. Fornece dados importantes sobre o tema para a evolução científica, bem como para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Nas três primeiras edições do EPISONO, entre os anos de 1986 e 2007, descobrimos que mais de 60% da população paulistana sofre com problemas de sono.
Após a publicação desse artigo, pesquisadores de outros países replicaram o trabalho, confirmando os números revelados pelo Instituto do Sono e consolidando esses resultados.
As principais pesquisas derivadas do EPISONO
Os primeiros estudos do EPISONO forneceram um panorama representativo do sono do cidadão paulistano, demonstrando-o como um assunto de relevância sob a ótica da saúde pública. Queixas sobre a dificuldade em iniciar e manter o sono, ronco, sonambulismo e insônia foram distúrbios de sono registrados com prevalência.
Nesta edição, os 1.042 voluntários realizaram os mesmos procedimentos anteriores, além de exames de polissonografia, actigrafia e dosagens bioquímicas. Os resultados revelaram a prevalência da apneia obstrutiva do sono em 32,9% da população, de insônia em 15% e de bruxismo em 7,4%, entre outros dados. Resultados importantes abordaram também a relação entre sono e menopausa, depressão, síndrome metabólica, risco cardiovascular, disfunção erétil e cefaleia noturna, entre outros. Foi o primeiro e único estudo a levar os pacientes para dormir no laboratório de sono considerando uma amostra representativa da cidade.
Todos os voluntários do estudo de 2007 foram reconvocados para a avaliação sobre como o padrão do sono e a prevalência de distúrbios de sono evoluíram ao longo de 8 anos. Como principais resultados, notou-se um aumento significativo nos índices de apneia do sono, sobretudo quando associado ao ganho de peso.
Para representar o sono da população de São Paulo a cada década, um novo estudo foi conduzido entre 2018 e 2019, contando com quase mil novos voluntários. Além dos exames realizados anteriormente, os participantes fizeram testes de espirometria, Holter de eletrocardiograma de 24 horas, monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA), entre outros.