A apneia do sono causa envelhecimento precoce? Entenda essa ligação!
Publicado em 12/09/2023
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio que provoca pausas respiratórias enquanto o indivíduo dorme, associadas a engasgos, roncos intensos e respiração ofegante. Nessa condição, também é comum acordar com frequência durante o período de descanso. O EPISONO, projeto de pesquisa do Instituto do Sono, revela que 32,9% da população vive com essa doença. Embora seja frequente, tratar a AOS é fundamental para evitar complicações graves à saúde.
Como as pausas respiratórias resultam em uma menor oxigenação do sangue, o organismo tende a sofrer danos. Sonolência diurna excessiva, alterações na memória e no humor, hipertensão arterial, doença de Alzheimer, diabetes e problemas cardíacos estão entre os riscos da apneia do sono.
Porém, eles não param por aí: ainda é possível que a AOS acelere o processo de envelhecimento, como revela um estudo realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), coordenado pelo Dr. Sergio Tufik, diretor do Instituto do Sono.
Relação entre apneia do sono e envelhecimento
A apneia do sono tem sido estudada não apenas por seus efeitos negativos a curto e médio prazo na qualidade de vida e na saúde, mas também por seus impactos no processo de envelhecimento. A pesquisa realizada na Unifesp, publicada em 2023, explica que a AOS é capaz de diminuir os telômeros, estruturas relacionadas à genética, que já sofrem uma redução natural para regenerar órgãos e tecidos, por meio da reprodução celular. Quando eles encurtam a ponto de não conseguir mais proteger o DNA, as células param de se dividir e entram em um estado associado à velhice.
Apesar de ser impossível cessar a diminuição dos telômeros, por ser parte de um processo essencial do organismo, descobriu-se que a apneia do sono pode acelerar o encurtamento dessas estruturas e, assim, contribuir para o envelhecimento precoce das células.
O CPAP como tratamento para reverter esse cenário
CPAP é uma sigla para “Continuous Positive Airway Pressure”, que significa pressão positiva contínua nas vias aéreas, em português. Trata-se de um aparelho utilizado para tratar distúrbios respiratórios de sono, sendo considerado o tratamento padrão-ouro da AOS.
Esse equipamento é responsável por gerar um fluxo de ar contínuo nas vias aéreas, por meio de uma máscara ajustada ao nariz, que mantém a garganta aberta ao dormir. A sua principal função é resolver qualquer estreitamento, flacidez ou obstrução na região que esteja causando o distúrbio respiratório de sono.
Diante da capacidade da AOS de antecipar o envelhecimento, a pesquisa coordenada pelo Dr. Sergio Tufik observou ainda que o uso desse aparelho viabiliza a redução do encurtamento dos telômeros. Mais uma vez, a terapia com CPAP se mostrou fundamental para o bem-estar e a saúde dos portadores dessa condição.
Vale ressaltar que, antes de o(a) paciente estar apto(a) a usar o CPAP, deve-se passar por avaliações e exames específicos, como a polissonografia.
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Outros distúrbios de sono e o envelhecimento do cérebro
Se você acredita que está livre do envelhecimento precoce porque não possui AOS, saiba que não é bem por aí. A qualidade de sono, em geral, associa-se com o comprimento dos telômeros. Prova disso é que um estudo publicado em 2018 no Journal of Clinical Sleep Medicine revelou que a insônia e o sono prolongado também podem acelerar o encurtamento dessas estruturas.
As células não são as únicas afetadas; a longo prazo, a sua mente também sente as consequências de dormir mal. O córtex frontal do cérebro é restaurado pelo sono. Nessa região, localizam-se as funções cognitivas, como a memória, a atenção, a coordenação motora e a capacidade de tomar decisões.
Uma pesquisa da Universidade de Londres demonstrou que dormir menos de 6h ou mais de 8h por dia pode tornar o cérebro até 7 anos mais velho. Para chegar a essa conclusão, os estudiosos avaliaram memória, fluência fonêmica e semântica, raciocínio e estado cognitivo geral de mais de 5.000 voluntários.
Como cuidar da qualidade de sono
A higiene do sono é uma das práticas mais eficazes para dormir melhor. Entre as suas recomendações estão:
- Definir horários para dormir e acordar diariamente;
- Evitar bebidas estimulantes, como a cafeína, antes de dormir;
- Optar por refeições mais leves no jantar;
- Praticar atividade física regularmente, pelo menos 4h antes do sono;
- Ficar longe de telas e monitores horas antes de dormir;
- Manter o quarto escuro e silencioso na hora do adormecer;
- Controlar a temperatura do ambiente para deixá-la agradável;
- Evitar usar a cama para outras atividades, como trabalhar.
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Se você possui dificuldade para dormir bem e não consegue alcançar um descanso reparador, mesmo após adotar as medidas da higiene de sono, procure ajuda especializada o quanto antes. Como você já deve ter percebido até aqui, noites mal dormidas promovem malefícios, muitas vezes, irreparáveis à saúde.
O Instituto do Sono dispõe de uma clínica completa para o diagnóstico e o tratamento de distúrbios de sono, em qualquer idade, com profissionais de excelência, altamente especializados e experientes.
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