Fumar antes de dormir ajuda ou prejudica o sono? Entenda essa relação

Publicado em 28/05/2021

Homem deitado, fumando na cama

Quem fuma ou convive com um fumante sabe que o cigarro muitas vezes é utilizado como forma de relaxar. É por isso que algumas pessoas têm o hábito de fumar antes de dormir.

Essa estratégia, no entanto, pode ser uma vilã disfarçada. É que a nicotina – principal substância presente no cigarro – age no cérebro provocando uma sensação inicial de aliviar tensões e modular o humor. Acontece que a nicotina é estimulante e não permite que a qualidade desse sono seja adequada.

A seguir, você entenderá como o tabagismo afeta o sono e o que pode ser feito para evitar essas consequências.

Por que não fumar antes de dormir?

Apesar de ser legalizado, o cigarro é uma droga como as demais e desencadeia uma série de reações no sistema nervoso central, desequilibrando o funcionamento normal do organismo.

Os efeitos do consumo do tabaco é semelhante ao efeito do álcool. Nos dois casos, é comum que o usuário se sinta sonolento. Porém, essas substâncias são estimulantes e agem no organismo durante horas após o uso, o que perturba o sono.

Como consequência, o indivíduo pode demorar a dormir, pode não ter uma noite de sono reparadora, sentir-se mais cansado ao longo do dia e desenvolver distúrbios de sono. De acordo com National Sleep Foundation, dos Estados Unidos, fumar à noite está fortemente associado a mais insônia e menor duração de sono.

Qual efeito o cigarro causa no sono?

A sensação imediata de relaxamento após fumar é causada pela nicotina. Ela ativa a dopamina, que atua nos centros de prazer do cérebro. Em compensação, a nicotina também atrapalha a liberação da melatonina – hormônio fundamental para o sono – e favorece a adrenalina, que é estimulante. O resultado é um sono mais superficial e fragmentado.

Sono agitado, apneia e sono interrompido são sintomas recorrentes entre as pessoas que fumam.

Fumar inibe a produção natural de dopamina pelo cérebro, de modo que, em longo prazo, sua liberação fica cada vez mais dependente da nicotina, levando a pessoa a fumar mais.

De acordo com um estudo realizado pela Unifesp com dados do Instituto do Sono, o tabagismo leva a diversos problemas de sono, ainda que o mecanismo destes efeitos não esteja completamente esclarecido. Ainda assim, alguns deles são conhecidos a partir dos relatos de pacientes documentados em literatura. O estudo brasileiro reforçou parte desse conhecimento analisando parâmetros objetivos de sono.

Consequências do tabagismo sobre o sono

  • Dificuldade em adormecer e manter o sono;
  • Despertares noturnos;
  • Aumento da ocorrência de roncos (veja abaixo);
  • Distúrbios respiratórios de sono, como apneia;
  • Redução da concentração de oxigênio no sangue;
  • Dificuldade de acordar;
  • Sono insatisfatório;
  • Perda da qualidade de sono;
  • Mau desempenho diurno.

Quem fuma ronca mais?

O tabagismo não altera apenas o equilíbrio químico do cérebro necessário para dormir bem. Ele também tem efeitos diretos sobre o sistema respiratório e pode provocar ou agravar roncos e outros distúrbios.

Além da nicotina, o cigarro carrega inúmeras substâncias tóxicas, como a amônia, que pouco a pouco corrói o revestimento interno do nariz, da boca, da garganta e dos brônquios. O calor da fumaça também irrita e provoca edema (inchaço) nessas estruturas.

Assim, a passagem de ar pelo nariz, boca e garganta fica prejudicada, com menos espaço para entrar e sair. Assim, ao passar por esse estreitamento, a respiração se torna mais ruidosa, causando ou piorando o ronco.

Também é importante se atentar ao risco de apneia do sono, pois há necessidade de maior esforço respiratório e podem ocorrer pausas temporárias na respiração.

Parar de fumar dá sono ou faz perder o sono?

Apesar do desejo de dormir melhor ser um incentivo importante para abandonar o cigarro, é preciso ter consciência de que esse benefício virá com o tempo. E que pode ser que os sintomas piorem antes de melhorarem.

Isso porque a nicotina interage com receptores de todo o corpo, causando a dependência. Quando seu fornecimento é interrompido, o organismo precisa reaprender a funcionar sem essa substância. A adaptação costuma ser muito difícil nas primeiras semanas, mas o esforço vale a pena no final.

Inicialmente, quem para de fumar pode enfrentar alterações de sono como insônia ou sonolência excessiva. Esses quadros estão relacionados à ansiedade e às mudanças nas substâncias de estímulo do sistema nervoso central geradas pela falta do cigarro.

Buscar apoio médico e psicológico para combater o tabagismo pode aumentar muito as chances de sucesso. Esses profissionais ajudam a entender as etapas da abstinência e podem acompanhar o paciente com o uso de medicamentos e/ou recursos cognitivo-comportamentais para enfrentar melhor esses sintomas.

Tabagismo da mãe prejudica sono do bebê

Além de atrapalhar o próprio sono, no caso das mulheres que amamentam, o cigarro afeta o sono de seus bebês. É o que sugere uma pesquisa publicada na revista Pediatrics que avaliou o efeito da nicotina em crianças de 2 a 7 meses de idade. A conclusão do estudo foi que os bebês acompanhados apresentaram uma redução de 37% no tempo de sono quando foram amamentados após o uso de tabaco pelas mães.

O nível de alteração de sono estava diretamente relacionado à dose de nicotina que os bebês recebiam do leite materno, consistente com o papel da nicotina como substância estimulante capaz de causar distúrbio de sono.

Gostou do artigo? Acompanhe também nossos perfis no Instagram e no Facebook, e confira mais conteúdos sobre o sono.

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support