Qual é a relação entre TDAH e distúrbios de sono?

Falta de atenção, inquietude e impulsividade: quem sofre de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) conhece bem esses sintomas. Trata-se de um distúrbio neurológico causado por fatores genéticos, geralmente diagnosticado ainda durante a infância.

A privação de sono também é comum para os indivíduos com o transtorno. Os pacientes costumam apresentar dificuldade para dormir e acordar de manhã, além de despertares noturnos frequentes e sonolência diurna. Consequentemente, diante deste quadro, pode ocorrer piora dos outros sintomas do TDAH.

Um artigo publicado na Medical News Today aponta que os problemas para dormir afetam de 25% a 50% das pessoas com TDAH. A maioria possui distúrbios de sono comórbidos (quando há mais de 1 ao mesmo tempo), como insônia e narcolepsia, por exemplo.

Porém, a relação entre TDAH e dormir mal pode ir além do que se imagina. Por meio de estudos, Sandra Kooij, Professora do Centro Médico Universitário VU em Amsterdã, demonstrou uma possível interconexão entre essas 2 questões. Psiquiatra especializada no assunto, ela sugere que distúrbios de sono podem ser a causa de alguns diagnósticos de TDAH.

Embora ainda não haja uma base científica para esta possibilidade, Sandra Kooij explica que “parece cada vez mais provável que esse seja um elemento importante”. Sua pesquisa foi apresentada no encontro anual da Sociedade Europeia de Neuropsicofarmacologia, em Paris.

Diagnóstico incorreto do TDAH

Os distúrbios de sono costumam causar falta de atenção e mau humor nas crianças. Esses são sintomas comuns também no TDAH. Por isso, existe o risco de o jovem ser diagnosticado erroneamente com o transtorno, uma vez que este quadro pode ser provocado pela má qualidade de sono. Neste caso, os medicamentos estimulantes usados para tratamento do TDAH acabam agravando a dificuldade para dormir.

Quando a criança passa pela privação de sono, seu corpo fica em estado de alerta, o que provoca uma liberação de hormônios para repor as energias, gerando a hiperatividade. As oscilações de humor e inquietude do jovem podem ser consequência do cansaço e de noites mal dormidas. 

Isso não quer dizer que o TDAH não existe, mas que os distúrbios de sono não devem ser desprezados antes do diagnóstico, buscando evitar equívocos. Os pais também precisam ficar atentos à qualidade de sono dos filhos para relatá-la ao médico, uma vez que eles podem ser fontes de coleta de dados importantes para o diagnóstico.

Consequências dos distúrbios de sono aos jovens com TDAH

Dormir bem deveria fazer parte da rotina de todos. O déficit crônico de sono está relacionado a doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e até ao câncer. O indivíduo que não tem uma boa qualidade de sono também sofre com queda de produtividade, alterações de humor, fadiga, perda de memória e sonolência diurna excessiva.

Os jovens com TDAH podem ser afetados de forma ainda mais intensa por esses sintomas. Eles costumam ter dificuldade para acordar pela manhã para ir à escola ou realizar suas atividades diárias. Esses obstáculos costumam ser as principais queixas dos pais, gerando conflitos familiares, insatisfação e revolta. A pressão e a sensação de impotência sentida pelas crianças acabam prejudicando o rendimento escolar e a relação com os colegas.

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É fundamental os pais entenderem que os obstáculos enfrentados para sair da cama fazem parte do TDAH: não se trata de preguiça ou desleixo. Além disso, deve-se buscar ajuda especializada para tratar os distúrbios de sono, o que pode ajudar a reduzir os sintomas do transtorno.

A qualidade de sono como coadjuvante no tratamento do TDAH

Um estudo publicado na revista Journal of Pediatric Healthy Care avaliou crianças com TDAH para identificar a relação entre medidas de promoção de sono e redução de sintomas do transtorno. Realizada em uma clínica pediátrica especializada em TDAH, nos Estados Unidos, a pesquisa concluiu que os jovens submetidos à higiene de sono tiveram uma diminuição significativa dos sintomas do TDAH.

As modificações comportamentais são recomendadas como tratamento para o TDAH, conforme ressalta o estudo. Diante disso, alguns hábitos saudáveis diários podem ajudar na qualidade de sono da criança, como:

• estabelecer horários fixos para dormir e acordar;
• evitar uso de telas, como celular e TV, antes de dormir;
• tomar um banho morno e calmo pode ajudar a criança a relaxar;
• promover um ambiente escuro ou com baixa luminosidade;
• deixar o pequeno dormir na própria cama ou berço;
• garantir um tempo de sono adequado diariamente.

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Para ajudar os pais a manter o tempo adequado de sono dos seus filhos, a Academia Americana de Medicina do Sono elaborou a seguinte tabela com recomendação para cada faixa etária:

• 4 a 12 meses: 12 a 16 horas de sono por dia;
• 1 a 2 anos: 11 a 14 horas de sono por dia;
• 3 a 5 anos: 10 a 13 horas de sono por dia;
• 6 a 12 anos: 9 a 12 horas de sono por dia;
• 13 a 18 anos: 8 a 10 horas de sono por dia.

Ao perceber qualquer indício de problemas para dormir, é imprescindível que os pais busquem ajuda médica para tratar o problema, independentemente do diagnóstico de TDAH. Para isso, eles podem contar com a nossa equipe de especialistas em Medicina do Sono.

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