Ronco: um sinal de alerta que não deve ser ignorado
Publicado em 29/05/2024
Você está com um cansaço extremo e tudo o que precisa para se recuperar é uma boa noite de sono, mas — no meio da madrugada — um barulho insistente acaba tirando o seu sossego. Não é um alarme de carro ou uma festa no apartamento ao lado, mas algo muito mais próximo: o ronco de alguém em seu lar.
O ronco é a queixa de sono mais comumente relatada pela população da cidade de São Paulo, segundo dados do EPISONO, um estudo que vem avaliando o padrão de sono do município desde os anos 80. A última edição desse estudo revelou que cerca de 40% da população de São Paulo ronca ao menos 3 vezes por semana; os homens sendo maioria nessa porcentagem.
Apesar de frequentemente tratado como motivo de piadas ou um simples inconveniente, o ronco é um fenômeno que merece atenção. Neste blog, vamos explorar os perigos desse ruído noturno, as suas principais causas e os seus tratamentos, além de apresentar dicas para quem almeja prevenir a condição.
Afinal, o que é o ronco?
O ronco se caracteriza como um som respiratório que ocorre durante o sono, provocado pela vibração das estruturas da garganta durante a passagem de ar. Enquanto dormimos, é natural que haja um relaxamento das musculaturas dessa região, o que favorece o surgimento dos ruídos.
Mas não se engane: ele não é tão inofensivo quanto parece. Embora nem sempre seja motivo de preocupação, o ronco pode indicar um problema sério de saúde.
O que pode desencadear o ronco?
O ronco é influenciado por múltiplos fatores. Um deles é a posição do corpo: quando dormimos de barriga para cima, pois a língua tende a se deslocar para trás, o que pode bloquear parcialmente as vias aéreas e resultar em ruídos respiratórios. O sobrepeso e a obesidade também podem tornar os indivíduos mais suscetíveis ao problema, devido ao acúmulo de gordura em volta do pescoço e do abdômen.
As causas mais comuns do ronco ainda englobam:
- Tabagismo;
- Consumo de bebidas alcoólicas;
- Refeições de difícil digestão à noite;
- Desvio de septo nasal;
- Rinite;
- Sinusite;
- Resfriados;
- Alterações nas amídalas;
- Distúrbios hormonais;
- Envelhecimento, uma vez que a musculatura da faringe tende a ficar mais flácida com o passar do tempo.
Devemos alertar que o ronco é o principal sintoma noturno da apneia do sono, que está associado a pausas na respiração enquanto o indivíduo dorme. Além de prejudicar a qualidade de vida, essa condição aumenta o risco para patologias como a doença de Alzheimer, a diabetes e a hipertensão arterial, além do envelhecimento precoce.
O EPISONO ainda revela que 32,9% da população vive com apneia do sono. O seu diagnóstico precoce e tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações, já que as pausas respiratórias resultam em uma menor oxigenação do sangue.
Quando procurar ajuda médica?
Até aqui, você provavelmente já percebeu que o ronco pode tanto ser passageiro quanto representar um perigo à qualidade de sono e de vida. Mas quando esse ruído respiratório se torna preocupante o suficiente para consultar um especialista?
O prejuízo mais óbvio é a interrupção ou o impedimento do sono do(a) parceiro(a) e até das pessoas que dormem perto do seu quarto, principalmente se o barulho é muito intenso. Diante disso, é fundamental buscar ajuda médica para preservar a sua saúde e evitar danos a terceiros.
Também é preciso ligar o sinal de alerta se o ronco for frequente e/ou estiver acompanhado por outros sintomas como dor de cabeça ao despertar, sonolência diurna, falta de foco, irritabilidade, batimentos cardíacos irregulares e cansaço excessivo.
Nesses casos, a Clínica do Instituto do Sono pode oferecer uma assistência especializada, pois conta com profissionais de excelência e uma estrutura moderna para diagnosticar e tratar os distúrbios de sono.
Como parar de roncar?
Por ser uma condição multifatorial, existem várias possibilidades de tratamento para o ronco, que pode ser tanto clínico quanto cirúrgico.
O tratamento clínico pode ser realizado por meio de mudanças comportamentais, perda de peso, fonoterapia, equipamentos intraorais e aparelhos de pressão positiva contínua em via aérea (CPAP), por exemplo.
O CPAP é um aparelho utilizado para tratar qualquer estreitamento, flacidez ou obstrução das vias aéreas, sendo considerado o tratamento padrão ouro da apneia do sono. Ele gera um fluxo de ar contínuo nas vias aéreas, por meio de uma máscara ajustada ao nariz, que mantém a musculatura da garganta aberta ao dormir. Antes de iniciar o seu uso, o paciente deve passar por avaliações médicas e exames, como a polissonografia.
Você pode gostar: Entenda o que é polissonografia e quando é indicado fazer.
Já o tratamento cirúrgico envolve sobretudo procedimentos na via aérea superior, como cirurgias nasais e faríngeas esqueléticas faciais, em especial para pacientes que apresentam alterações estruturais.
Também é recomendado que os pacientes evitem “gatilhos” como:
- Fumar;
- Consumir álcool de forma excessiva;
- Dormir de barriga para cima;
- Usar travesseiros muito baixos (o ideal é por volta de 14 cm de altura);
- Consumir alimentos de difícil digestão à noite.
É necessário ressaltar que, se os ruídos noturnos são causados por alguma doença subjacente, como sinusite, rinite, distúrbios hormonais e obesidade, a solução normalmente está em tratar a origem do problema.
Se você ou alguém próximo sofre com os ruídos noturnos, não hesite em buscar ajuda médica especializada. Ao tratar o ronco, você melhora a qualidade do seu sono, mas também contribui para uma vida mais saudável e produtiva.
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