Sente muito sono? Saiba o que pode ser e o que fazer.
Publicado em 22/02/2023
Quem já assistiu a “Os Smurfs”, uma série de filmes de desenhos animados, provavelmente vai se lembrar do personagem “Preguiçoso”, conhecido pelo sono excessivo. Logo quando acorda, o seu maior desejo é que chegue a hora de dormir. Ele até tenta realizar atividades durante o dia, mas logo é impedido pelo cansaço constante.
Como seu próprio nome sugere, algumas pessoas encaram o estado de ânimo da criatura azul como preguiça. Porém, a sonolência excessiva pode ser provocada por problemas sérios como doenças crônicas e distúrbios de sono. Na vida real, seria importante investigar o quadro de saúde do “Preguiçoso”, pois o seu cansaço poderia ser um sinal do organismo avisando que algo precisa melhorar.
Encarar esse “sono intenso” como preguiça é um fator que atrapalha o diagnóstico da condição e, consequentemente, impede o tratamento adequado do indivíduo. Neste texto, você vai entender melhor o que pode ser considerado sonolência diurna excessiva e entender as suas principais causas.
O que é a sonolência diurna excessiva?
A sonolência diurna excessiva, também conhecida como hipersonia, é definida como a dificuldade em permanecer acordado e alerta ou como um desejo exacerbado de dormir durante o dia. A sua principal característica é um sono que ocorre de maneira não intencional e em horários inadequados, quase diariamente, por pelo menos 3 meses.
Além da vontade constante de dormir, há outros sintomas que caracterizam a condição, entre eles:
- irritabilidade;
- problemas de memória;
- falta de foco;
- bocejo constante;
- dificuldade em tomar decisões;
- lentidão;
- sensação de que não acordou completamente.
Aliviar esses sintomas pode ser uma tarefa difícil. Muitas vezes, tirar cochilos durante o dia é uma prática capaz de manter o indivíduo em alerta e bem disposto. Dessa forma, a sonolência diurna excessiva pode prejudicar a vida social, a amorosa e até a profissional.
8 causas do sono excessivo
1. Falta crônica de sono
Um dos motivos mais comuns para a sonolência excessiva é a falta de sono crônica. Existem pessoas que trabalham em turnos, como médicos e enfermeiros, que fazem plantão. Ainda há quem troque o dia pela noite por diversos fatores, além das pessoas que sofrem com a insônia ou simplesmente não têm rotina adequada para dormir. Aqueles que sofrem com má qualidade de sono ou acordam várias vezes ao longo da noite também podem ter sono em excesso durante o dia.
Todos esses fatores prejudicam o repouso do organismo, uma vez que as noites não são suficientemente reparadoras. Assim, levam a uma consequência natural, que é a sensação de sono ao longo do dia.
Além do desconforto imediato, a privação de sono frequente está associada ao desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, obesidade e doenças cardíacas.
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2. Hábitos de vida inadequados
A sensação de sonolência pode ser mais intensa quando se é sedentário, fumante ou está acima do peso.
Uma pesquisa da Penn State College of Medicine demonstrou que o aumento do peso e da gordura corporal está relacionado à maior produção de citocinas (substâncias produzidas pelo sistema imunológico) que seriam responsáveis pela fadiga.
O uso de substâncias que afetam o Sistema Nervoso Central (SNC), como álcool ou narcóticos, também pode contribuir para a sensação de sonolência durante o dia.
3. Presença de doenças
Doenças crônicas e transtornos mentais são frequentemente acompanhados do aumento da vontade de dormir. São exemplos:
- depressão;
- ansiedade;
- esquizofrenia;
- lúpus;
- doença de Parkinson;
- esclerose múltipla;
- câncer;
- obesidade;
- anemia;
- hipotireoidismo.
4. Gripes e resfriados
Quando o indivíduo está gripado ou resfriado, seu organismo está totalmente dedicado ao combate aos vírus, o que requer muita energia. Como consequência, o cansaço e o sono excessivo podem estar presentes e ainda são intensificados por sintomas como febre e dor muscular.
5. Uso de medicamentos
Diversos medicamentos têm como efeito colateral o sono excessivo. Se o estado de sonolência atrapalhar a concentração, as funções cognitivas e a realização das tarefas do dia a dia, a medicação deve ser revista pelo médico. É possível repensar o melhor horário para administrá-la ou realizar ajustes de dose ou do próprio medicamento.
Ansiolíticos, antidepressivos e estabilizadores do humor são algumas medicações que causam esse tipo de efeito.
6. Apneia do sono
A apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por pausas da respiração enquanto o indivíduo dorme, associadas a engasgos, ronco e respiração ofegante. Também nesta condição é comum acordar com frequência e ter um sono inquieto.
A progressão natural dos estágios de sono é constantemente interrompida e a pessoa não tem a sensação de descanso reparador. Como consequência, sente cansaço nas atividades diárias e uma necessidade permanente de dormir mais.
7. Hipersonia idiopática
Uma pessoa é diagnosticada com hipersonia idiopática quando precisa dormir mais que o normal e sente muito sono durante o dia, mas não foi detectado nenhum outro distúrbio de sono subjacente ou causa aparente.
Os sintomas geralmente começam na adolescência ou na idade adulta. Pode haver dificuldade de acordar do sono noturno ou de cochilos diurnos. Dormir mais horas durante o dia parece não resolver o problema.
Não existe um tratamento específico para esse distúrbio. O médico avalia, juntamente com o paciente, medidas que amenizem os sintomas, podendo, em alguns casos, utilizar medicamentos que contribuam para a qualidade de vida.
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8. Narcolepsia
A narcolepsia é um distúrbio decorrente da instabilidade do sono REM. O sono REM é caracterizado por momentos em que ocorrem movimentos rápidos dos olhos, sonhos e relaxamento máximo dos músculos. Além da sonolência excessiva diurna, o paciente com narcolepsia também pode sofrer com paralisia do sono, alucinações, fragmentação de sono e cataplexia. Este último é um fenômeno de perda súbita da contração dos músculos do corpo, que leva a quedas sem a perda de consciência.
Esse é um distúrbio de sono específico e raro, que precisa ser diagnosticado e tratado por um médico especialista.
Diagnóstico e tratamentos
Para detectar a causa do sono excessivo, é importante procurar um médico especialista. Ele avaliará todos os fatores relatados pelo paciente e solicitará exames laboratoriais e, em alguns casos, de imagens. É possível que seja recomendada também a realização de testes para monitorar a qualidade de sono. A partir daí, é possível chegar a um diagnóstico bem embasado e buscar as melhores soluções para cada caso.
O tratamento pode envolver o ajuste ou a suspensão de medicações que já estejam sendo administradas, a adoção de hábitos relacionados à higiene de sono e, eventualmente, o uso de novos medicamentos ou outros recursos específicos. Quando o sono excessivo é provocado por doenças, é fundamental tratar a condição para, então, amenizar os seus sintomas.
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