Narcolepsia: saiba tudo sobre a doença que provoca sonolência excessiva e ataques de sono

Publicado em 24/09/2021

Passar um dia inteiro com sono após uma noite mal dormida é uma situação incômoda que quase todo mundo já enfrentou, pelo menos uma vez na vida. Já imaginou se essa sensação fosse constante e incontrolável?

A narcolepsia é um dos distúrbios de sono, classificada no grupo das hipersonias, que se caracteriza por um quadro de muita sonolência diurna, levando o indivíduo a adormecer em momentos inapropriados.

De acordo com a Associação Brasileira do Sono, estima-se que cerca de 3 milhões de pessoas vivam com essa condição crônica – uma média de 1 a cada 2.000 pessoas, podendo afetar homens e mulheres na mesma proporção.

A sonolência é um sintoma muito comum, associado a diversas condições de saúde, no qual muitas vezes dificulta o diagnóstico correto. Esse atraso no diagnóstico da narcolepsia pode prejudicar a qualidade de vida do paciente e ainda colocá-lo em situações delicadas e perigosas.

Isso porque os episódios de excesso de sono são repentinos, ocorrendo mesmo durante o trabalho, as refeições e até dirigindo. Com o passar dos anos, os efeitos da má qualidade de sono podem causar danos ao funcionamento psicológico e cognitivo.

Quais são as causas da narcolepsia?

As causas desse distúrbio ainda estão sendo estudadas pela Medicina, mas existem alguns apontamentos possíveis. Segundo a Associação Brasileira da Medicina do sono, a narcolepsia tem origem genética e afeta o sistema nervoso central na parte responsável pelo controle do sono e da vigília.

Com um desequilíbrio entre os neurotransmissores do cérebro, o sono REM aparece em horas inadequadas. O sono REM é um estado do sono em que as pessoas costumam sonhar e os músculos estão relaxados a ponto de não reagirem ou se movimentarem diante do sonho.

Como identificar a narcolepsia?

Os sintomas podem estar presentes desde os 7 anos de idade e comumente surgem até os 25 anos, mas a condição acomete mesmo pessoas já na terceira idade. Uma vez que eles se iniciam, a doença é considerada crônica.

Entre os sinais mais comuns, podemos citar:

  • Sonolência excessiva diurna (geralmente o primeiro sintoma)
  • Ataques de sono – com sonhos mesmo nos cochilos curtos
  • Sono noturno interrompido, ou seja, fragmentado por causa de apneia do sono, movimentos dos membros inferiores ou sonhos muito vívidos
  • Cataplexia, que são episódios repentinos de perda do tônus muscular desencadeada por emoções como o riso, raiva ou surpresa
  • Alucinações hipnagógicas (ao adormecer) ou hipnopômpicas (ao despertar)
  • Paralisia do sono
  • Comportamentos automáticos – quando o indivíduo adormece durante uma atividade e continua os movimentos por um tempo mesmo estando inconsciente

A narcolepsia é classificada em tipo 1 e tipo 2 de acordo com sua gravidade. A narcolepsia tipo 2 é considerada menos grave por apresentar sintomas mais leves, sem cataplexia e sem alterações nos níveis de hipocretina, o neurotransmissor que regula a excitação e a vigília.

Vale ressaltar que, sem o tratamento e demais cuidados necessários, as crises e sintomas são incontroláveis e independem da vontade do paciente, mesmo em níveis menos graves. Por isso, é essencial afastar o estigma de relacioná-los com preguiça ou outros fatores e procurar ajuda para um diagnóstico correto.

Como é realizado o diagnóstico da narcolepsia?

O primeiro passo ao reconhecer os sintomas é procurar ajuda médica especializada para uma consulta inicial. Ao avaliar as queixas, o médico fará uma série de perguntas para entender a gravidade do quadro de sonolência e utilizar uma escala para medir sua intensidade.

Para comprovar o diagnóstico da narcolepsia e excluir a possibilidade de outros possíveis distúrbios de sono, o especialista encaminhará o paciente para realizar o exame de polissonografia noturna. Ou seja, ele passará a noite em um laboratório para registro e acompanhamento do seu sono.

No dia seguinte, é obrigatório que o teste continue para identificar a sonolência diurna, os cochilos, monitorar quantas vezes os ataques de sono se manifestam e também se o paciente têm o sono REM durantes esses momentos. Além disso, um exame de hipocretina poderá ser solicitado para avaliação.

Tratamentos e dicas para controle dos sintomas

Infelizmente, a narcolepsia é uma doença que ainda não tem cura, mas as pesquisas continuam abrindo novas possibilidades para o seu tratamento. A descoberta da influência da hipocretina nesta condição é uma das mais recentes e contribui para adaptações e mudanças no diagnóstico e controle dos sintomas.

De acordo com a Associação Brasileira do Sono, atualmente existem duas formas de tratar essa condição que são trabalhadas de forma simultânea: o tratamento comportamental e o tratamento com medicamentos estimulantes e antidepressivos que auxiliam com a sonolência e episódios de cataplexia.

Entre as orientações de comportamento, os especialistas indicam alguns hábitos e atitudes que podem ajudar a amenizar as crises e promover a qualidade de vida da pessoa com narcolepsia, como:

  • Readaptar seus horários de trabalho, turnos, aulas e outras atividades que precisam de atenção e foco para um melhor desempenho
  • Realizar uma boa higiene do sono, ou seja, criar uma rotina regular de horários para dormir e acordar, mesmo aos finais de semana, e também entender que serão necessários cochilos reparadores durante o dia, de mais ou menos 20 minutos, para auxiliar no controle da sonolência e dos ataques de sono repentinos.
  • Fique atento aos sintomas e às suas reações emocionais que podem desencadear a cataplexia
  • Cuidado com alimentos gordurosos e ingestão de bebidas estimulantes, principalmente as que contenham cafeína, nos horários mais próximos de dormir. Esses fatores podem estimular o paciente a ficar acordado e atrapalham a qualidade de sono, dificultando uma noite tranquila e ininterrupta
  • No dia a dia, é indicado evitar a ingestão de bebidas alcoólicas ou outras substâncias que induzem o sono, pois podem provocar a piora da sonolência e das crises
  • Os especialistas recomendam que o paciente com narcolepsia encontre algum hábito que estimule o descanso do corpo e da mente, como meditação, ler um livro ou ouvir música
  • É importante também que o ambiente esteja propício para uma boa noite de sono. Apagar as luzes, evitar ruídos sonoros e outras distrações no momento de descanso é ideal para se desligar do mundo externo
  • Conte com a ajuda de amigos, parceiros (as) e familiares! É relevante que as pessoas próximas sigam algumas orientações de apoio e implementem medidas de segurança para auxiliar na rotina cotidiana do paciente
  • Cuide da sua saúde mental! Por ser uma condição que afeta a vida social, muitas pessoas se sentem constrangidas e procuram se isolar, experimentando sentimentos negativos de ansiedade e tristeza. Com o diagnóstico e tratamento correto, a doença não deve ser um impedimento de uma vida normal. Esteja bem com o seu corpo físico e a sua mente!

Lembre-se que a narcolepsia é uma doença crônica que precisa de um tratamento constante e cuidadoso para evitar situações que podem colocar a vida do indivíduo em risco. Por isso, siga as orientações do seu médico.

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