Quais são os efeitos da privação de sono na saúde óssea?

Quando o assunto é consequências da privação de sono, é comum que as pessoas pensem logo em seus efeitos imediatos, como irritabilidade, dificuldade para se concentrar, falhas na memória e sonolência diurna. Porém, os malefícios de dormir mal podem ir muito além do que se imagina. Já falamos por aqui que, caso isso se torne um hábito, o indivíduo tem mais chances de desenvolver algumas doenças crônicas, incluindo diabetes e obesidade, problemas cardiovasculares, transtornos psiquiátricos e até Doença de Alzheimer. O que você talvez não saiba é que a falta de descanso noturno também pode afetar a saúde dos ossos.

Uma das possíveis complicações da privação de sono é a osteoporose, uma condição que acomete 10 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO). Além de enfraquecer os ossos e causar fraturas graves, essa doença tende a prejudicar a saúde emocional dos pacientes, sendo essencial preveni-la para ter uma melhor qualidade de vida, principalmente na terceira idade. Nas próximas linhas, você entenderá melhor sobre como dormir bem pode ajudar nessa missão. Continue a leitura!

Como o sono afeta a reabsorção óssea

Um estudo divulgado na 99ª reunião anual da Endocrine Society descobriu que a desregulação do relógio biológico, provocada pela privação de sono, pode reduzir os níveis de P1NP. Trata-se de um peptídeo que indica a taxa de reabsorção óssea, um processo natural do corpo que substitui o tecido dos ossos antigos por um novo. Os protagonistas dessa transformação são as células osteoclastos e osteoblastos.

Enquanto os osteoclastos têm como papel a degradação e a desmineralização do tecido ósseo “velho”, os osteoblastos são responsáveis pela formação óssea. Embora opostas, as suas funções são complementares. Por isso, um adulto saudável deve apresentar equilíbrio entre elas, um fator que pode ser prejudicado pelo sono insuficiente.

Dormir pouco diminui a produção de melatonina, o hormônio regulador do sono. Uma de suas funções é a melhora da atividade celular responsável pela formação óssea (osteoblastos) e a redução das células que degradam o tecido ósseo (osteoclastos). E a relação entre sono e saúde óssea não para por aí.

A influência do sono no hormônio de crescimento

É durante a fase não-REM do sono, quando a atividade cerebral é menos intensa, que ocorre a lideração do hormônio de crescimento (GH), essencial para o desenvolvimento dos ossos. Se o adulto apresenta deficiência dessa substância, torna-se mais suscetível à perda de massa óssea e a fraturas. Lembra dos osteoblastos, citados anteriormente? O GH atua de forma direta na sua estimulação.

A redução de cálcio na privação de sono 

O cálcio é essencial para a formação e mineralização de ossos, e é encontrado em suplementos e alimentos como brócolis, agrião, iogurte, queijos e leite. Esse mineral pode ser afetado pela privação de sono crônica, uma vez que os níveis de cortisol, conhecido como hormônio do estresse, tendem a aumentar nesse quadro.

Uma das possíveis complicações do cortisol alto é a menor absorção de cálcio pelo corpo, o que pode afetar a saúde óssea e levar a problemas como a osteoporose.

Como dormir bem para cuidar da saúde dos ossos 

Até aqui, você provavelmente já entendeu que ter boas noites de sono pode ser crucial para a saúde óssea. Por isso, aproveitamos para listar algumas recomendações para um descanso reparador:

• Estabeleça horários fixos para dormir e acordar;
• Evite o uso de telas, como celular e TV, antes de dormir;
• Tome um banho morno ou pratique atividades relaxantes antes de deitar;
• Prefira ficar no escuro ou manter uma luz reduzida e amarela;
• Deixe a temperatura do quarto o mais agradável possível;
• Evite bebidas estimulantes, como café – especialmente nas 6 horas que antecedem o sono;
• Faça refeições leves até 2 horas antes do início do sono;
• Pratique atividade física preferencialmente pela manhã ou tarde;
• Vista pijamas confortáveis e adequados para o clima;
• Não use a cama para trabalhar ou estudar.

Leia também: Higiene do Sono: tudo o que você precisa saber sobre essa prática.

Se você tem dificuldade para dormir bem, o mais indicado é consultar um especialista em sono para diagnosticar e tratar a causa do problema, prevenindo complicações. Se precisar, pode contar com os profissionais do Instituto do Sono, que é referência mundial na área.

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