Dormir mal pode causar diabetes? E dormir pouco? Entenda!
Publicado em 11/11/2021

O diabetes é uma doença crônica, caracterizada pela resistência à insulina, que vem se tornando cada vez mais comum ao redor do mundo, principalmente nas últimas décadas. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil a condição já afeta mais de 13 milhões de pessoas. Cerca de 11% da população de 40 anos ou mais convive com seus efeitos.
A resistência insulínica é marcada pela dificuldade do organismo em produzir insulina nos níveis adequados ou a baixa efetividade do hormônio em transferir a glicose do sangue para dentro das células, e assim produzir energia. Em consequência, o acúmulo de glicose no sangue não controlado desregula a fome e, com o tempo, deixa o corpo mais suscetível à infecções e problemas graves no coração, rins e outros órgãos.
Diversos fatores podem estar relacionados com o desenvolvimento do diabetes, inclusive um sono de má qualidade.De acordo com a ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, muitos estudos que avaliam o impacto do sono sobre o metabolismo apontam que o risco é verdadeiro: dormir mal pode causar diabetes tipo 2.
O sono é o momento do dia em que o organismo descansa e recupera o equilíbrio dos seus sistemas e funções. Por isso, uma rotina de noites mal dormidas não é responsável apenas por um cansaço constante, mas, em alguns casos, também pode trazer danos graves à saúde.
Como dormir mal pode causar diabetes?
Especialistas do Centro Stark de Diabetes, da Universidade de Medicina do Texas, explicam que, diante da privação de sono, o corpo tende a apresentar algumas reações semelhantes à da resistência insulínica, em que as células deixam de usar o hormônio de modo eficiente e o nível de açúcar no sangue (glicose) passa a ficar mais elevado. Entenda, a seguir, como acontece!
O estresse de uma noite mal dormida aumenta a liberação do cortisol no organismo, obrigando o pâncreas a produzir mais insulina para equilibrá-lo. Com essas alterações, o próprio organismo pode entrar em um estado semelhante ao de resistência à insulina, o que muitas vezes desencadeia um quadro pré-diabético.
Estudos também já comprovaram que dormir menos pode influenciar no aumento da fome e no ganho de peso, sendo porta de entrada para a obesidade e, principalmente, para o acúmulo de gordura visceral (ao redor dos órgãos). Indivíduos com essas condições estão mais propensos a desenvolverem outras doenças graves, como as cardiovasculares e o diabetes tipo 2.
Segundo a ABESO, outra alteração metabólica muito comum em resposta a noites mal dormidas e ao ganho de peso é a redução do HDL no sangue, o chamado bom colesterol, responsável por impedir o acúmulo de gordura nos vasos sanguíneos. A soma de fatores de risco, como obesidade, hipertensão arterial e elevação dos níveis de gordura pode caracterizar a Síndrome Metabólica, cuja base é a resistência insulínica. Além disso, o excesso de peso também muitas vezes é o responsável pelo aparecimento da Apneia Obstrutiva do Sono, um distúrbio de sono que provoca roncos altos e pausas na respiração durante o sono, prejudicando sua qualidade. O estresse provocado por esses eventos de asfixia aumenta a secreção de cortisol e altera o controle o açúcar sanguíneo. Assim, o risco de desenvolver diabetes é maior, bem como o de piorar um quadro já existente.
A influência do diabetes no sono
É importante destacar que, não só dormir mal causa diabetes, como a recíproca ainda é verdadeira. De acordo com a Fundação do Sono, estima-se que uma em cada 2 pessoas com diabetes tipo 2 tenha problemas de sono, a maioria causados pela instabilidade dos níveis de açúcar no sangue.
A hipoglicemia noturna (nível baixo de glicose no sangue no período da noite) é muito comum para todos os pacientes diabéticos sem o controle adequado da doença, mas principalmente entre os que possuem o diabetes tipo 1. Essa forma da doença, que dá sinais frequentemente na adolescência, é associada a fatores genéticos e autoimunes que fazem com que o pâncreas não produza insulina.
Entre os sintomas do diabetes também podemos citar um aumento na vontade de ir ao banheiro, provocando idas constantes mesmo durante a madrugada. A neuropatia diabética (degeneração progressiva dos nervos) é uma das suas principais complicações, podendo resultar em dores no corpo, principalmente nas extremidades, que atrapalham o sono.
A Fundação do Sono ainda aponta que os distúrbios de sono são mais comuns em quem possui diabetes, já que outros fatores de risco, como peso corporal elevado, costumam estar presentes. Nessa lista, além da Apneia Obstrutiva do Sono, também podemos citar a Síndrome das Pernas Inquietas. Um a cada 5 indivíduos com a doença relatam uma sensação incômoda e irritante nas pernas que interfere no sono.
A importância da qualidade de sono
Todos esses estudos comprovam que noites mal dormidas influenciam diretamente no desequilibro dos níveis de açúcar no sangue e no funcionamento do metabolismo. Ademais, acabam facilitando ainda o aparecimento de outros fatores de riscos. Por isso, uma boa qualidade de sono pode tanto prevenir quanto auxiliar no controle do diabetes.
Para um indivíduo adulto, a recomendação geral é de 7 a 8 horas de sono por noite. Nós, do Instituto do Sono, ainda recomendamos algumas atitudes que ajudam a realizar uma boa higiene do sono e garantir noites mais tranquilas.
Tente manter uma rotina regular nos horários de dormir e do jantar para garantir uma boa digestão. Evite a ingestão de estimulantes, como café, chá e refrigerantes e o uso de medicamentos para dormir sem prescrição. Busque praticar somente atividades calmas antes de ir para cama e não vá se deitar com preocupações na mente. Relaxar é o mais importante para um bom sono!
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