Como a amamentação influencia no sono do bebê?

Publicado em 01/08/2023

Chamado por muitos de “ouro líquido”, o leite materno é o alimento mais completo que existe para um bebê. A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde (MS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomendam que os recém-nascidos sejam nutridos exclusivamente pelo leite materno até os 6 meses de vida. Depois disso, as crianças devem ser amamentadas até os 2 anos de idade, no mínimo, mesmo com a introdução de refeições sólidas e outros líquidos.

Um dos principais benefícios do leite materno é o fortalecimento do sistema imunológico. Por oferecer anticorpos, enzimas e leucócitos (células brancas do sangue, que atuam em defesa do organismo), esse “superalimento” ajuda na proteção contra inúmeras condições e doenças, incluindo diarreia, alergias, pneumonia e infecções.

Além disso, a sucção realizada durante a amamentação contribui para uma boa respiração e para o desenvolvimento cognitivo, facial e da fala. Esse ato ainda estreita os laços de afeto e o vínculo entre bebê e mãe.

Como já foi possível perceber até aqui, o aleitamento materno é altamente vantajoso para um crescimento mais saudável. O que você talvez não saiba é que ele também influencia na qualidade de sono.

Relação entre sono e amamentação 

Mais do que nutrição, proteção e acolhimento, a amamentação ainda pode regular o ritmo circadiano, um mecanismo do corpo que funciona como um relógio biológico. Assim como ocorre com a escuridão, por exemplo, o aleitamento é capaz de auxiliar o recém-nascido a identificar o momento de adormecer. Psicólogos da University of Southern California, nos Estados Unidos, chegaram a essa conclusão e revelaram que o alimento produzido pela mãe muda ao longo do dia.

Os pesquisadores demonstram que a quantidade de cortisol (hormônio que nos mantém em alerta) no leite materno é mais evidente pela manhã. Por outro lado, os níveis de melatonina (hormônio regulador do sono) aumentam durante a noite, o que contribui para que o bebê durma bem.

Os estudiosos não têm uma resposta exata sobre o impacto do leite materno em mamadeiras, mas recomendam que os pais rotulem os recipientes com data e horário da retirada do leite, para evitar oferecer à criança, durante a noite, uma refeição rica em cortisol, o que poderia atrapalhar o adormecer.

Vale ressaltar que os recém-nascidos não possuem um ritmo circadiano bem definido; ele se desenvolve ao longo dos meses seguintes. O processo de adaptação do ciclo vigília-sono, acompanhando o tempo de vida e desenvolvimento do bebê, ameniza o risco de cólicas e problemas de crescimento. 

Leia também: Sono na gestação — dicas para você dormir bem e acordar revigorada.

Outros benefícios da melatonina não sintetizada para o bebê 

O leite materno é a ponte inicial entre recém-nascido e melatonina. Além de regular o sono, esse hormônio possui ação antioxidante e anti-inflamatória, o que tende a melhorar a imunidade, uma proteção essencial nos primeiros meses de vida. Porém, vale ressaltar que medicamentos utilizados para dormir, como as cápsulas de melatonina, são capazes de prejudicar a saúde infantil. Os seus efeitos colaterais vão desde sonolência diurna até agitação, irritabilidade, hipotermia e reações alérgicas. Na dúvida, procure sempre um especialista.

O sono do recém-nascido

Um recém-nascido pode dormir até 18 horas por dia, acordando apenas para se alimentar a cada 1 a 3 horas. Por isso, os despertares noturnos são bastante frequentes. Outro fato é que nos primeiros meses de vida o sono é polifásico, o que faz com que o bebê tenha de 8 a 10 turnos de descanso diários.

Com o tempo, a duração da janela do sono aumenta. Uma criança de 1 ano geralmente dorme até 12 horas por noite sem acordar, além de ter 2 cochilos diários. O amadurecimento do ciclo vigília-sono é influenciado por fatores como: 

  • Aumento da capacidade de reter energia durante as mamadas;
  • Desenvolvimento do ritmo circadiano;
  • Maior comunicação entre as vias nervosas das regiões cerebrais.

No entanto, as particularidades do sono dos bebês vão além de tempo e padrão polifásico. Um estudo britânico publicado neste ano revelou que dormir pode estar diretamente ligado ao processo de aprendizado.

Ao avaliar o sono dos recém-nascidos, por meio de uma tomografia inovadora, os pesquisadores descobriram que o sono REM – “Rapid Eyes Movement” (movimento rápido dos olhos) atua na capacidade de reconhecer espaços e pessoas. Nessa fase, observaram conexões mais longas se formando no cérebro.

Leia também: Insônia em crianças — veja quais são as causas e como tratar.

Diante deste cenário, se o seu pequeno apresentar dificuldades para dormir bem, consulte o quanto antes um pediatra especialista em sono para avaliar a causa do problema e iniciar o tratamento mais adequado.

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