Medicamentos nem sempre são solução para insônia
Publicado em 28/10/2021
Muito se fala sobre dificuldade para dormir e sobre a solução para insônia nos últimos tempos. De fato, os sintomas de insônia afetam cerca de 30% da população. A insônia crônica, que requer atenção especializada, afeta cerca de 5% a 15% da população. Estima-se que essa condição pode ser agravada pela ocorrência da pandemia. A exposição ao estresse pode desencadear insônia naqueles cujo organismo é predisposto a desenvolvê-la.
Terapia cognitivo-comportamental
Em todos os consensos e diretrizes médicas mundiais para tratamento de insônia, a terapia cognitivo comportamental é a primeira opção de tratamento. Essa inclui instruções sobre higiene do sono, restrição do tempo na cama, controle de estímulos negativos para a saúde do sono e terapia de reestruturação cognitiva (lidando com crenças e pensamentos disfuncionais e com o famoso “minha mente não desliga”).
Relaxamento
Por fim, inclui-se intervenções baseadas em relaxamento mental e físico. Essa terapia pode beneficiar, em algum grau, até 80% dos pacientes. Um ponto importante é a falta de profissionais capacitados. Atualmente, alguns algoritmos (aplicativos ou websites) têm sido desenvolvidos com a finalidade de tratar a insônia, o que pode facilitar o acesso da população.
Soluções “caseiras”
As pessoas tendem a buscar soluções imediatas, muitas vezes até “caseiras”. Um exemplo disso é bem identificado no estudo na população canadense pelo qual evidencia-se o uso inadequado de medicamentos ou substâncias a base de plantas, fitoterápicos, medicamentos de venda livre, como antialérgicos e antieméticos, alterando-se entre eles, sem solução do problema. O estudo aponta que esse padrão de automedicação não somente não melhorou a insônia, mas retardou o acesso à terapia adequada.
Medicamentos
É claro que existem alguns medicamentos que podem ser seguros para tratar insônia, desde que seu uso seja racional e acompanhado por um médico. Alguns deles que agem muito rapidamente, podem provocar tolerância, perda de efeito ou despertar precoce necessitando de dose adicional no meio da noite.
O aumento da dose que anteriormente era suficiente, associado ao acordar a noite necessitando de mais medicamentos pode ser um sinal de alerta! Mas isso não ocorrerá em todas as pessoas, nem com todos os medicamentos.
Neste momento, alguns estudos tentam identificar quem são as pessoas que estarão em maior risco para desenvolver insônia, a partir de seu perfil de reatividade ao sono, no sentido de avaliar medidas preventivas. Outra tendência também é a de se conhecer quem responderá melhor às terapias não medicamentosas.
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Dalva Poyares
Neurologista, certificada em Medicina do Sono pela Associação Médica Brasileira, com Doutorado em Neurociências pela UNIFESP
Professora Livre-Docente da Disciplina de Medicina e Biologia do Sono do Departamento de Psicobiologia da UNIFESP.