Distúrbios de sono: entenda como eles podem causar doenças crônicas.

Publicado em 11/01/2024

Você já parou para pensar como as noites mal dormidas podem afetar a sua saúde de maneira significativa? Além de ser um momento de descanso para o corpo e a mente, o sono desempenha um papel fundamental para a recuperação dos diversos sistemas do organismo. Porém, os distúrbios de sono têm se tornado comuns em nossa sociedade devido às mudanças no ritmo e estilo de vida. 

Para compreender a dimensão deste cenário, pelo menos 40% da população no mundo apresenta dificuldade para dormir bem, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por outro lado, a mesma entidade aponta que 70% das mortes ocorridas mundialmente em 2019 foram decorrentes de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Talvez você não saiba, mas esses dados podem ter uma relação direta.

Esse foi o tema de um evento promovido recentemente pelo Fórum Intersetorial para Combate às Doenças Crônicas não Transmissíveis no Brasil (Fórum DCNTs). A organização buscou reunir profissionais da saúde para discutir ações integradas para o combate do problema. Uma das participantes do encontro foi a Dra. Sonia Togeiro, pneumologista e pesquisadora do Instituto do Sono.

Neste artigo, vamos falar sobre os vínculos entre os distúrbios de sono e as doenças crônicas. Continue lendo para saber mais.

O que são doenças crônicas não transmissíveis? 

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um dos principais problemas de saúde pública do Brasil e do mundo, segundo o Ministério da Saúde. Elas formam um grupo de enfermidades que possuem diversas causas e fatores de risco, além de terem curso prolongado e, muitas vezes, silencioso. Também podem estar associadas a incapacidades funcionais e prejudiciais para a qualidade de vida.

Entre as doenças crônicas mais comuns no Brasil estão:

  • Câncer;
  • Diabetes;
  • Obesidade;
  • Hipertensão arterial;
  • Asma;
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica;
  • Doença de Alzheimer;
  • Acidente Vascular Cerebral (AVC);
  • Doença renal crônica.

Alguns distúrbios de sono também se classificam como crônicos, como a insônia, a apneia obstrutiva do sono, a narcolepsia e a síndrome das pernas inquietas.

Como os distúrbios de sono podem causar doenças crônicas? 

Os distúrbios de sono são um fator de risco para doenças crônicas, embora isso não seja uma regra. Um estudo publicado na revista Plos Medicine (2022) demonstra que quem dorme 5 horas ou menos têm mais chances de desenvolver essas condições na terceira idade.

Conheça logo abaixo algumas doenças crônicas que podem ter relação com os distúrbios de sono.

Diabetes tipo 2: quando dormir mal vira rotina, a tendência é que haja um aumento do perfil lipídico e da resistência à insulina. Um dos motivos para isso é a influência do sono na liberação de hormônios associados ao controle da glicose no sangue. Além disso, a apneia obstrutiva do sono altera a pressão arterial e os níveis de glicemia, o que contribui para o desenvolvimento da diabetes.

Obesidade: a privação de sono eleva a produção de grelina, hormônio responsável por estimular a fome, o que tende  a contribuir para o aumento da ingestão calórica. A leptina também é afetada, sendo esta a responsável por promover o gasto calórico, regular o metabolismo e controlar os níveis de glicose no sangue. Ainda, o cortisol, conhecido como hormônio do estresse, costuma subir após noites mal dormidas, o que está diretamente associado ao ganho de peso.

Leia também: Qualidade de sono e obesidade infantil — qual é a relação?

Doenças cardiovasculares: diversas funções cardiovasculares são definidas pelo ritmo circadiano, mecanismo que mantém o organismo funcionando em um período claro/escuro de 24 horas. Se houver alterações neste ciclo, podem aumentar o perfil lipídico (colesterol) e a resistência à insulina, como já citado anteriormente, o que representa também riscos para o coração.

Leia também: Dormir mal pode prejudicar a saúde do coração?

Câncer: existem fatores de risco que podem ser controlados para reduzir a probabilidade do desenvolvimento da doença, como a obesidade e o sedentarismo. Como dito anteriormente, quem dorme menos tem mais chances de se tornar uma pessoa obesa. Uma boa qualidade de sono também auxilia no combate à inatividade do corpo, uma vez que o descanso reparador melhora a disposição e motivação.

Leia também: Por que dormir bem é fundamental para o tratamento do câncer?

Hipertensão arterial: se você dorme mal, não consegue muitas vezes atingir a fase de sono profundo. Logo, os hormônios que auxiliam na regulação circulatória não são liberados corretamente, fazendo com que o organismo se mantenha alerta, ou seja, o cérebro e o coração não descansem, o que faz com que a  pressão arterial e a frequência cardíaca mantenham-se elevadas. 

Asma: pessoas que têm boas noites de sono estão menos suscetíveis a ter asma, independente da predisposição genética. É o que demonstra um estudo publicado no periódico BMJ Open Respiratory Research. A pesquisa ainda revelou que 19% dos casos da doença seriam prevenidos se os indivíduos recebessem o tratamento adequado. 

Depressão: o cuidado com o sono tem um papel essencial no combate a condições que afetam a saúde mental. Segundo a pesquisa realizada na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, dormir mal tende a aumentar o risco de desenvolver depressão e ansiedade.

Esses foram apenas alguns exemplos de doenças crônicas que podem ser desencadeadas pela má qualidade de sono. O mais relevante é que você tenha consciência de que dormir mal com frequência é um perigo à saúde, e sinta-se motivado a adotar medidas para melhorar o descanso diário.

Como dormir melhor? 

  • Estabeleça horários para dormir e acordar todos os dias;
  • Promova uma temperatura agradável do quarto;
  • Mantenha o ambiente escuro ou com luz indireta e baixa;
  • Escolha roupas leves e confortáveis;
  • Evite se exercitar e fazer refeições pesadas à noite;
  • Fique longe dos aparelhos eletrônicos antes de dormir;
  • Não trabalhe na cama;
  • Evite cafeína e estimulantes perto da hora do sono;
  • Pratique exercício físico regularmente, de preferência pela manhã ou tarde;
  • Faça atividades relaxantes antes de se deitar, como meditar ou ler um livro.

Leia também: Higiene do Sono — tudo o que você precisa saber sobre essa prática.

Quando procurar ajuda especializada? 

É recomendado consultar um especialista em Medicina do Sono se você está enfrentando dificuldades persistentes para dormir bem, o que afeta negativamente a sua qualidade de vida. Muitas vezes, os problemas começam com a falta de concentração, perda de memória, irritabilidade, sonolência diurna excessiva, dores no corpo e raciocínio lento. 

Conheça a nossa clínica e saiba de que forma atuamos no diagnóstico e no tratamento dos distúrbios de sono.

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