O que é terror noturno e como tratar?

Publicado em 18/11/2021

Mulher assutada que encontra-se na cama

Terror noturno é um distúrbio de sono classificado como uma parassonia.

Parassonias são manifestações comportamentais alteradas ou percepções distorcidas da consciência que tendem a ocorrer principalmente na transição dos principais estágios do sono, como sono profundo (N3) e sono REM, para a vigília. Durante um episódio de parassonia, os indivíduos se encontram parcialmente acordados, frequentemente em um estado alterado da consciência.

As principais parassonias são: terror noturno, enurese (perda involuntária da urina durante o sono), sonambulismo, despertares confusionais, distúrbio comportamental do sono REM, paralisia do sono, pesadelos, alucinações hipnagógicas e sonilóquios (falar dormindo).

Todo comportamento diferente que ocorre durante o sono necessita de uma avaliação médica para se estabelecer um diagnóstico correto. É importante que o paciente descreva, quando possível, como são esses eventos que ocorrem durante o sono como:

  • Em que momento do sono eles acontecem (no início, no meio ou no final da noite);
  • Se há vocalização, agitação, atos violentos ou quedas;
  • Se há associação com sonhos;
  • Se ocorre perda total da consciência ou lembrança dos episódios;
  • Se é acompanhado de liberação de esfíncter.

Por vezes, é necessário a informação detalhada do parceiro ou parceira de cama, e, quando acontecem em crianças, dos seus pais ou familiar. Vídeos caseiros podem documentar o evento.

As parassonias que ocorrem durante o sono profundo (estágio N3) geralmente tendem a acontecer no primeiro terço da noite. Algumas parassonias também podem ocorrer na transição da vigília para o sono, logo que a pessoa começa a adormecer. Um padrão familiar genético parece importante.

Características do terror noturno

O terror noturno normalmente se caracteriza por episódio súbito de medo intenso que ocorre durante o sono, geralmente iniciado por um grito e é acompanhado por manifestações comportamentais ou autonômicas, como palidez, expressão facial de pânico e sudorese. O paciente pode ter dificuldade de recordar o episódio e apresenta confusão mental quando acorda.

Algumas parassonias, como sonambulismo e terror noturno, têm como fatores comuns a prevalência maior em crianças e tendem a regredir com o passar dos anos. Raramente o terror noturno pode ocorrer em adultos.

Fatores que podem causar terror noturno

Fatores desencadeantes incluem:

Diagnóstico do terror noturno

O diagnóstico do terror noturno, além de uma anamnese minuciosa, frequentemente, é obtido por intermédio do relato de familiares.

O diagnóstico diferencial do terror noturno deve ser feito com outras parassonias, crises epilépticas e distúrbios de movimento que ocorram durante o sono.

Portanto, em alguns casos faz-se necessária a realização de exames complementares.

O médico pode solicitar um Eletroencefalograma (EEG) ou exames de imagem, como a Ressonância Nuclear Magnética de crânio.

Quando os episódios são muito frequentes, a polissonografia é um exame importante, particularmente com uma monitorização audiovisual durante todo o registro (Vídeo-polissonografia).

O Vídeo-EEG consiste em um registro eletroencefalográfico associado a uma monitorização de vídeo, por um tempo prolongado, para se obter e documentar o fenômeno comportamental que ocorre durante o sono.

Como tratar o terror noturno

O tratamento farmacológico do terror noturno frequentemente não é necessário. Na maioria dos casos, orientações e técnicas comportamentais e cognitivas podem ser empregadas na grande maioria das parassonias.

Alguns medicamentos podem ser efetivos e devem ser administrados se os comportamentos oferecerem riscos para a pessoa, ou se ocorrerem com muita frequência durante o sono, acarretando distúrbios de sono e com consequente prejuízo nas atividades diurnas.

No caso de crianças, a correta orientação dos pais é fundamental. Deve-se identificar fatores precipitantes, regularidade dos horários de sono e evitar privação de sono.

A proteção do ambiente é fundamental. Confira algumas dicas para proteger o ambiente do sono:

  • As camas devem ter grades acolchoadas;
  • Mesa de cabeceira deve estar distante;
  • Evitar objetos e vidros na cabeceira;
  • Ter piso acolchoado;
  • Evitar uso de camas-beliches;
  • Evitar escadas;
  • Manter portas fechadas e janelas trancadas;
  • Cuidados com companheiro/a de cama.

É da intersecção dos diversos estágios de sono com seus diferentes estados de consciência que ocorrem os vários tipos de parassonias. A superposição desses comportamentos são frequentes e todo comportamento diferente que possa acontecer durante o sono deve ser investigado por um profissional especializado para que se estabeleça o diagnóstico correto e tratamento adequado.

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Luciano Ribeiro Pinto Junior
Médico do Instituto do Sono com especialização em Neurologia e Medicina do Sono

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